Uma
viagem ao passado
“...Igrejas o Barroco emoldura o Brasil...” e
São João del-Rei vai contribuindo com a moldura e com suas igrejas: Pilar,
Rosário, Carmo, Mercês, São Francisco e lá no alto a simplicidade das igrejas
do Bonfim e Senhor do Montes dão o ar da graça à noite.
São João del-Rei , nome de santo
junino, terra de arte, e por falar em arte, a música é uma marca importante
nesta cidade, quem nunca acompanhou um pouco se quer o Ofício de Trevas com
cantos gregorianos e os responsórios cantados com a Orquestra (bicentenária)
Ribeiro Bastos, e graças a ela a cidade onde os sinos falam é a única do mundo
que realiza o Ofício desta maneira, trazendo para o séc. XXI a cultura da Idade
Média. E digo mais, as músicas tocadas no Ofício de Trevas na Semana Santa são
feitas por São Joanenses para esta celebração, como por exemplo: Pe. José Maria
Xavier, Padre José Maria Xavier é um dos maiores ícones do período
oitocentista.
A música em São João Del Rei
começa com a formação de um grupo de músicos que no ano de 1776 se transforma
na Orquestra Lira São Joanense, que é considerada a orquestra mais antiga das
Américas e a segunda mais antiga do mundo. Mais tarde é fundada a Orquestra
Ribeiro Bastos que executa músicas durante a tradicional Quaresma e Semana
Santa.
E por falar em
Semana Santa, quando se vai ao Ofício de Trevas , na quarta, sexta e sábado
santo, é impossível não fazer uma viagem no tempo, ao ouvir a Orquestra Ribeiro
Bastos e os cantos gregoriano tem-se a impressão de estarmos literalmente em um
mosteiro medieval, mas é só olhar para o lado e ver a mais tênue obra do
barroco e neoclassicismo e voltar ao passado. A igreja do Pilar é deslumbrante,
exuberante, belíssima, perfeita, enfim é uma obra construída pelo homem para o
homem, e olha que os escravos lavaram seus pecados em cada pedra da construção
de igrejas do séc. XVIII.
Em São João
del-Rei quando não se vai a uma procissão, ficamos sempre a ouvir a tocar dos sinos
que por sinal, só é abafado quando a Maria Fumaça começa seu trajeto rumo a
também histórica Tiradentes.
“...Todos os
dias é um vai e vem a vida se repete na estação. O trem que chega é o mesmo
trem de partida, a hora do encontro é também despedida na plataforma dessa estação
é a vida desse meu lugar...” é a vida, estas frases resumem bem o ritmo da
estação.
Barulho é o
que não falta entre as montanhas que cercam São João del-Rei, lá vem o congado
com seus tambores, cânticos, sincretismo e novamente os congadeiros nos levam a
uma viagem para o séc. XVIII, agora para as senzalas. O negro vindo das
"Áfricas" com tanto sofrimento e total desprezo de sua cultura foi
esperto e soube camuflar seus ritos aos orixás e se hoje temos o congado
devemos agradecer o negro que nunca deixou a chama de sua identidade se apagar.
São João
del-Rei é literalmente a cidade museu, quer ver? Basta andarmos pela Rua da
Direita, atual Getúlio Vargas, e observar as construções do estilo colonial, a
Rua Santo Antônio com suas casas tortas e ruas estreitas, a Rua Padre José
Maria Xavier que nos dá acesso à belíssima construção da Igreja de São
Francisco de Assis e se você não quiser ir sozinho(a) é só acompanhar uma das dezenas de procissões
que São João del-Rei tem, acreditem vale a pena.
Hoje 8 de
dezembro de 2013, São João Del Rei completa 300 anos de elevação a Vila e aqui
deixamos o nosso muito obrigado àqueles que contribuíram para preservação de
nosso patrimônio material e imaterial. Aqui destaco as irmandades, confrarias,
arquiconfrarias e ordens terceiras que fazem com que São João del-Rei-MG tenha
um calendário religioso permanente.
Parabéns São João del Rei
Texto de Aline da Sé.
Revisão de Cristiano Bosco da Sé.
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