A
Via Sacra externa é realizada anualmente pela Venerável Irmandade do Senhor Bom
Jesus dos Passos nas três primeiras sexta-feiras quaresmais com o número de estações reduzido a sete, enquanto
a tradição universal da Igreja apresenta quatorze.
No
livro de Recibo e Inventário da Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos
Passos, encontramos um pagamento feito pela Irmandade ao compositor
tiradentino, Capitão Manoel Dias de Oliveira (1735-1813), pela feitura da
música para Via Sacra. Eis o que consta na parte de inventários: “O aparelho da muzica para as Vias-Sacras do
Senhor dos Passos composto por Manoel Dias de Oliveira a dois coros, com oito solsas
das vozes, duas ditas para as flautas, huma para as trompas, e duas para ao
violinos, e huma para o rabecão”.
Por
este documento sabe-se que a música dos Motetos dos Passos, daquele período,
era privativa da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, portanto, já se
realizavam as vias sacras desde o terceiro quartel do século XVIII.
Sobre
a construção das Capelas-Passos, comumente chamadas pelos sanjoanenses de “Passinhos” há vários documentos. Em
1781, a Irmandade pagou Manoel Tavares pelas madeiras que se compraram para o
Passo da Rua da Prata (hoje Rua Padre José Maria Xavier). Nesse mesmo período
encontram-se outros pagamentos como: “Ao
João Gonçalves Gomes pelas telhas e
tijolos” “Ao Francisco Serzedo oficial de Pedreiro da Cruz de Pedra” “Ao
Gregório Lameda de Oliveira oficial de carpinteiro e ao Elias José de Soiza” também
carpinteiro.
Capela-Passo da Praça Embaixador Gastão da Cunha |
Recentemente
foram restauradas diversas Capelas-Passos, sendo a da Rua da Direita,
totalmente desmontada a sua obra de talha, imunizada e as pinturas nela
existentes também foram recuperadas, sendo responsável pelo trabalho o
restaurador Carlos Magno Araújo que, após análise e estudos, chegou à conclusão
que as pinturas, policromia e douramento são trabalhos de Manoel Victor de
Jesus.
Capela-Passo da Rua da Direita |
Em
1996 foram substituídas todas as portas dos Passinhos, que achavam-se
deterioradas pela ação do tempo, e ameaçavam a segurança da obra interna. Houve
o critério de se fazer portas do mesmo estilo das que existiam e foram também
feitas todas as fachadas e ferrolhos em estilo colonial.
A
partir de 1875, o grande compositor sanjoanense Martiniano Ribeiro Bastos
(1834-1912), compôs novas músicas para as Vias Sacras e que, ainda hoje, são
executadas pela Orquestra e Cora da Ribeiro Bastos.
Com
o passar dos tempos, cremos, muita coisa se perdeu nestes Passinhos e, hoje,
não sabemos quais as primitivas pinturas. Quase todos os Passinhos estavam
incompletos, com exceção do II Passinho (Rua da Prata) que só tinha a pintura
central, representando a cidade de Jerusalém e, assim mesmo, pintura bem
recente; do V Passinho, no Largo da Cruz, também só com pintura central
primitiva representando a cena da Verônica limpando o rosto de Cristo; o VI
Passinho, na Rua da Direita, é o único completo com pinturas originais, tendo
ao centro a cena de Simão Cirineu ajudando Jesus a levar a cruz.
Capela-Passo da Rua da Prata (Atual Rua Padre José Maria Xavier) |
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