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domingo, 16 de março de 2014

Via Sacra externa



A Via Sacra externa é realizada anualmente pela Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos nas três primeiras sexta-feiras quaresmais com o  número de estações reduzido a sete, enquanto a tradição universal da Igreja apresenta quatorze.


No livro de Recibo e Inventário da Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, encontramos um pagamento feito pela Irmandade ao compositor tiradentino, Capitão Manoel Dias de Oliveira (1735-1813), pela feitura da música para Via Sacra. Eis o que consta na parte de inventários: “O aparelho da muzica para as Vias-Sacras do Senhor dos Passos composto por Manoel Dias de Oliveira a dois coros, com oito solsas das vozes, duas ditas para as flautas, huma para as trompas, e duas para ao violinos, e huma para o rabecão”.


Por este documento sabe-se que a música dos Motetos dos Passos, daquele período, era privativa da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, portanto, já se realizavam as vias sacras desde o terceiro quartel do século XVIII.


Sobre a construção das Capelas-Passos, comumente chamadas pelos sanjoanenses de “Passinhos” há vários documentos. Em 1781, a Irmandade pagou Manoel Tavares pelas madeiras que se compraram para o Passo da Rua da Prata (hoje Rua Padre José Maria Xavier). Nesse mesmo período encontram-se outros pagamentos como: “Ao João Gonçalves Gomes pelas telhas e tijolos” “Ao Francisco Serzedo oficial de Pedreiro da Cruz de Pedra” “Ao Gregório Lameda de Oliveira oficial de carpinteiro e ao Elias José de Soiza” também carpinteiro.

Capela-Passo da Praça Embaixador Gastão da Cunha


Recentemente foram restauradas diversas Capelas-Passos, sendo a da Rua da Direita, totalmente desmontada a sua obra de talha, imunizada e as pinturas nela existentes também foram recuperadas, sendo responsável pelo trabalho o restaurador Carlos Magno Araújo que, após análise e estudos, chegou à conclusão que as pinturas, policromia e douramento são trabalhos de Manoel Victor de Jesus.

Capela-Passo da Rua da Direita  


Em 1996 foram substituídas todas as portas dos Passinhos, que achavam-se deterioradas pela ação do tempo, e ameaçavam a segurança da obra interna. Houve o critério de se fazer portas do mesmo estilo das que existiam e foram também feitas todas as fachadas e ferrolhos em estilo colonial.


A partir de 1875, o grande compositor sanjoanense Martiniano Ribeiro Bastos (1834-1912), compôs novas músicas para as Vias Sacras e que, ainda hoje, são executadas pela Orquestra e Cora da Ribeiro Bastos.


Com o passar dos tempos, cremos, muita coisa se perdeu nestes Passinhos e, hoje, não sabemos quais as primitivas pinturas. Quase todos os Passinhos estavam incompletos, com exceção do II Passinho (Rua da Prata) que só tinha a pintura central, representando a cidade de Jerusalém e, assim mesmo, pintura bem recente; do V Passinho, no Largo da Cruz, também só com pintura central primitiva representando a cena da Verônica limpando o rosto de Cristo; o VI Passinho, na Rua da Direita, é o único completo com pinturas originais, tendo ao centro a cena de Simão Cirineu ajudando Jesus a levar a cruz.

Capela-Passo da Rua da Prata (Atual Rua Padre José Maria Xavier)
 
Capela-Passo do Largo da Cruz

As novas pinturas, interpretam o sentido de cada moteto, que a Orquestra Ribeiro Bastos executa durante a via sacra, colocadas onde não havia nenhuma, foram executadas pelo artista sanjoanense Pedro Paulo Viegas.

Referência Bibliográfica: Livro Solene e Piedosas Tradições de Nossa Terra.
Créditos fotográficos: Acervo de fotos sacras de Aline Mendes da Sé.








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