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domingo, 8 de dezembro de 2013

São João del Rei 300 anos



Uma viagem ao passado


 “...Igrejas o Barroco emoldura o Brasil...” e São João del-Rei vai contribuindo com a moldura e com suas igrejas: Pilar, Rosário, Carmo, Mercês, São Francisco e lá no alto a simplicidade das igrejas do Bonfim e Senhor do Montes dão o ar da graça à noite.


São João del-Rei , nome de santo junino, terra de arte, e por falar em arte, a música é uma marca importante nesta cidade, quem nunca acompanhou um pouco se quer o Ofício de Trevas com cantos gregorianos e os responsórios cantados com a Orquestra (bicentenária) Ribeiro Bastos, e graças a ela a cidade onde os sinos falam é a única do mundo que realiza o Ofício desta maneira, trazendo para o séc. XXI a cultura da Idade Média. E digo mais, as músicas tocadas no Ofício de Trevas na Semana Santa são feitas por São Joanenses para esta celebração, como por exemplo: Pe. José Maria Xavier,  Padre José Maria Xavier  é um dos maiores ícones do período oitocentista.


A música em São João Del Rei começa com a formação de um grupo de músicos que no ano de 1776 se transforma na Orquestra Lira São Joanense, que é considerada a orquestra mais antiga das Américas e a segunda mais antiga do mundo. Mais tarde é fundada a Orquestra Ribeiro Bastos que executa músicas durante a tradicional Quaresma e Semana Santa.


E por falar em Semana Santa, quando se vai ao Ofício de Trevas , na quarta, sexta e sábado santo, é impossível não fazer uma viagem no tempo, ao ouvir a Orquestra Ribeiro Bastos e os cantos gregoriano tem-se a impressão de estarmos literalmente em um mosteiro medieval, mas é só olhar para o lado e ver a mais tênue obra do barroco e neoclassicismo e voltar ao passado. A igreja do Pilar é deslumbrante, exuberante, belíssima, perfeita, enfim é uma obra construída pelo homem para o homem, e olha que os escravos lavaram seus pecados em cada pedra da construção de igrejas do séc. XVIII.


Em São João del-Rei quando não se vai a uma procissão, ficamos sempre a ouvir a tocar dos sinos que por sinal, só é abafado quando a Maria Fumaça começa seu trajeto rumo a também histórica Tiradentes.


“...Todos os dias é um vai e vem a vida se repete na estação. O trem que chega é o mesmo trem de partida, a hora do encontro é também despedida na plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar...” é a vida, estas frases resumem bem o ritmo da estação.


Barulho é o que não falta entre as montanhas que cercam São João del-Rei, lá vem o congado com seus tambores, cânticos, sincretismo e novamente os congadeiros nos levam a uma viagem para o séc. XVIII, agora para as senzalas. O negro vindo das "Áfricas" com tanto sofrimento e total desprezo de sua cultura foi esperto e soube camuflar seus ritos aos orixás e se hoje temos o congado devemos agradecer o negro que nunca deixou a chama de sua identidade se apagar.


São João del-Rei é literalmente a cidade museu, quer ver? Basta andarmos pela Rua da Direita, atual Getúlio Vargas, e observar as construções do estilo colonial, a Rua Santo Antônio com suas casas tortas e ruas estreitas, a Rua Padre José Maria Xavier que nos dá acesso à belíssima construção da Igreja de São Francisco de Assis e se você não quiser ir sozinho(a)  é só acompanhar uma das dezenas de procissões que São João del-Rei tem, acreditem vale a pena.


Hoje 8 de dezembro de 2013, São João Del Rei completa 300 anos de elevação a Vila e aqui deixamos o nosso muito obrigado àqueles que contribuíram para preservação de nosso patrimônio material e imaterial. Aqui destaco as irmandades, confrarias, arquiconfrarias e ordens terceiras que fazem com que São João del-Rei-MG tenha um calendário religioso permanente.


 
Parabéns São João del Rei

Texto de Aline da Sé.
Revisão de Cristiano Bosco da Sé.

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