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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Histórico sobre o Setenário das Dores





A Solenidade de Nossa Senhora das Dores foi constituída pelo Concílio de Edônea, em 1413. Em 1727, o Papa Bento XIII estendeu a solenidade à toda igreja e o Papa Pio VII autorizou-a para todo o mundo católico.

Em São João Del Rei, a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, desde fins do século XVIII celebra o Setenário das Dores de Nossa Senhora, tendo início na quinta sexta-feira da Quaresma, com músicas próprias, orações e pregações, meditando sobre as Sete Dores de Maria Santíssima, com a participação da Orquestra Ribeiro Bastos.

O Setenário das Dores, que se encerra com a procissão de Nossa Senhora das Dores, também chamada de procissão da Procura ou das Lágrimas, na sexta-feira, antevéspera do domingo de ramos, é certamente uma prática das mais genuínas e místicas da tradição religiosa são-joanense.

O palco, todo revestido de véus e cortinas pretas e enfeitado de ramos de arnica, é montado no trono e no camarim do altar-mor da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar. No centro a sugestiva imagem de Nossa Senhora das Dores ao lado de uma cruz preta, de um de cujos braços pende um lençol branco, dobrado.

A cerimônia tem deu desenrolar semelhante ao das novenas de outras festas, onde porém, a música, principalmente do Pe. José Maria Xavier, atinge toda a ternura, envolta de suave tristeza, que só mesmo os gênios são capazes de produzir. Neste canário de inigualável beleza e misticismo ouve-se, diariamente, uma pregação sobre cada uma das sete doras que, segundo a piedade cristã, na sua compaixão e solidariedade, teria vivenciado a divina mãe do Redentor. Conserva-se ainda o costume de, para essas pregações, se utilizar o púlpito do lado do evangelho da Catedral, fato que confere ao pregador uma aura daquele respeito de que se rodeavam os grandes oradores sacros do passado. A todo esse efeito barroco da cerimônia, acresce a letra das orações e dos cantos, tanto em português quanto em latim, de uma profunda tristeza e ansiedade, como esta que diz: “Em memória da sétima dor, da soledade que teve a Senhora, ficando sem Filho, nem vivo, nem ainda morto.”

Gostaria de enriquecer ainda mais este texto com as duas últimas estrofes da primeira parte do poema sobre a Quarta dor de Maria Santíssima, escrito por Pe Sáulo José Alves do livro Stabat Mater. Lembrando que a meditação sobre a quarta dor é: “A amargura que teve a Senhora, encontrando seu amado Filho, com a pesada Cruz às costas.”

“Teus olhos, não em lágrimas, mas em sangue banhados,
Diante da dor e aflição daquele momento extático...
Solidão da Mãe, a quem ninguém socorre nem consola...
Solidão do Filho, cujo abraço da Mãe é negado pelos homens...
Desesperam-se as mulheres em Jerusalém e choram...
Outra, em pano, recolhe a face despresível estampada.

Basta, Senhora! Torno-me incapaz de mais bradar,
Ante a amargura da tão tenebroso sofrimento.
Desgraçado que sou e desiludido sem igual,
Permita-me participar de tua graça, de teu amos,
Já que és a predileta do Pai. Minha desilusão
Transforma-se, pós-martírio, em glória de eterna luz...”

Pe. Sáulo José Alves

Parte Musical
Martiniano Ribeiro Bastos: Veni Sancti Spíritus, Dómine ad adjuvándum, Ó vos omnes, Motetos das Dores.
Pe. José Maria Xavier, Geraldo Barbosa de Souza, Antônio dos Santos Cunha: Ó vos omnes.
João Francisco da Mata: Stábat Mater.
Francisco de Paulo Vilela: Moteto das Dores.
Referências Bibliográficas:
Piedosas e Solenes Tradições de Nossa Terra. Novenas, Tríduos, Setenário, Quinquena e Meses. II Volume – São João Del Rei
Visita à Colonial Cidade de São João Del Rei.
Autor: Antônio Gaio Sobrinho.

Stabat Mater. Setenário das Dores de Maria Santíssima, Poemas, Sermões e Reflexões.
Autor: Pe. Saulo José Alves

Créditos Fotográficos:

Acervo de fotos sacras de Aline Mendes.

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